Il Messaggiere - Caixão do papa Francisco começa sua última viagem

Caixão do papa Francisco começa sua última viagem
Caixão do papa Francisco começa sua última viagem / foto: Handout - VATICAN MEDIA/AFP

Caixão do papa Francisco começa sua última viagem

O caixão do papa Francisco deixou o Vaticano neste sábado(26) para sua última viagem a bordo do papamóvel, que o levará ao seu sepultamento na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

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O veículo branco parcialmente aberto percorrerá as ruas da Cidade Eterna por cerca de 30 minutos, passando por locais icônicos como o Coliseu, antes de chegar ao local de descanso final do pontífice.

Minutos antes, o funeral em sua homenagem destacou seus "inúmeros" esforços em defesa de migrantes e refugiados, do Mediterrâneo ao México, a 250 mil fiéis e autoridades mundiais como Donald Trump e o presidente Luís Inácio Lula da Silva na Praça de São Pedro e seus arredores.

Seu sepultamento, o primeiro de um pontífice fora dos muros do Vaticano desde Leão XIII em 1903, concluirá o pontificado de 12 anos marcado pela defesa dos migrantes, do meio ambiente e da justiça social.

O público presente na Praça de São Pedro acompanhou com aplausos e gritos o saída do caixão da basílica de mesmo nome. Minutos antes, seus sinos tocaram para os mortos.

"Não foi apenas o papa, foi a definição do que é um ser humano", disse Andrea Ugalde, que chegou de Los Angeles. "Mudou a Igreja (...) defendeu os doentes, os sem-teto, os pobres e os animais", acrescentou a mulher de 39 anos.

Durante três dias de funeral, 250.000 pessoas prestaram homenagem ao pontífice argentino, algumas esperando até altas horas da madrugada.

Trump e sua esposa Melania recolheram-se em oração por alguns momentos diante de seu caixão ao chegarem ao funeral.

"Vemos tantas pessoas (...) Isso mostra de quantas maneiras o papa Francisco se destacou", afirmou Jean-Roger Mounguengui, de 64 anos, do Gabão, que compareceu ao funeral com sua esposa.

O fervor popular divide a atenção neste sábado com as dezenas de presidentes, monarcas e primeiros-ministros, incluindo o presidente Lula.

Dias atrás, Trump elogiou um homem "fantástico" que "amava o mundo", mas com quem ele entrava em conflito desde 2016 por sua promessa de construir um muro na fronteira com o México e sua política mais recente de expulsar migrantes.

Em sua primeira viagem internacional desde que retornou ao poder, o republicano disse que realizará várias reuniões bilaterais.

A Presidência ucraniana anunciou que Trump se reuniu brevemente com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky. Ambos concordaram em reunir-se novamente neste sábado em Roma, indicou Kiev.

- Cortejo ante o Coliseu -

O líder dos 1,4 bilhão de católicos do mundo morreu em 21 de abril, aos 88 anos, de um derrame cerebral, quase um mês após sair de uma longa hospitalização por pneumonia bilateral.

O funeral foi presidido pelo cardeal decano Giovanni Battista Re, juntamente com outros 980 cardeais, bispos e padres. Apesar da diferença de fuso horário, foram organizadas vigílias em sua Argentina natal, para onde nunca retornou como papa.

Em frente à Catedral de Buenos Aires, na Praça de Maio, cem jovens se reuniram com cantos e velas até o início do funeral, às 5h da manhã.

O evento serve "para reconhecer o legado do papa, para transformar a tristeza que sua morte nos deixou em um farol de esperança", disse Iara Amado, uma assistente social de 25 anos.

O local de descanso final do papa ficará a 11.000 km de sua cidade natal, Flores.

O governo impôs uma zona de exclusão aérea sobre Roma e mobilizou unidades antidrone, atiradores de elite nos telhados e vários caças prontos para decolar.

Apesar do aparato do funeral, seu túmulo será fiel à imagem de simplicidade que ele construiu para si: feito de mármore da região do norte da Itália, de onde veio sua família, e com "Franciscus" como única inscrição.

- "Um pastor simples" -

O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro pontífice a adotar o nome Francisco, em homenagem ao santo dos pobres, quando foi eleito em 13 de março de 2013.

O 266º papa trouxe seu estilo austero do "fim do mundo", o que o levou a escolher um apartamento sóbrio em vez do luxuoso Palácio Apostólico, e a convidar moradores de rua e prisioneiros para sua mesa.

Como símbolo de seu legado, um grupo de pessoas pobres, presos, migrantes e pessoas trans receberá o caixão com uma rosa branca em sua chegada à Santa Maria Maior, segundo a agência oficial Vatican News.

"Era um pastor simples e muito querido em sua arquidiocese, que viajava para todos os lugares, até mesmo de metrô e ônibus (...) porque se sentia como mais um do povo", diz Rogito, um obituário oficial que repassa sua vida.

Ele foi depositado na noite de sexta-feira em seu caixão de madeira, coberto com uma placa de zinco e uma placa de madeira marcada com uma cruz. Seus sapatos pretos e seu inseparável rosário também o acompanharão por toda a eternidade.

A luta contra a pedofilia na Igreja e a busca por um papel maior para mulheres e leigos fazem parte de seu legado reformista, que também enfrentou forte oposição conservadora dentro da instituição.

A despedida de Francisco abrirá caminho para a eleição de seu sucessor. O conclave para elegê-lo deve ser convocado entre 15 e 20 dias após sua morte, embora os cardeais possam fazê-lo antes, em uma data ainda a ser definida.

R.Marconi--IM