

Busca por desaparecidos continua após enchentes no Texas
Ao menos 168 pessoas seguem desaparecidas, nesta quarta-feira (9), devido às enchentes no Texas, que já causaram mais de 100 mortes e deixaram um rastro de desolação e ruínas neste estado do sul dos Estados Unidos.
Na madrugada de sexta-feira (4), feriado nos Estados Unidos, chuvas torrenciais provocaram inundações repentinas e um aumento de oito metros no rio Guadalupe em apenas 45 minutos.
No total, foram registradas 109 mortes no centro do estado, indicou o governador.
Caíram quase 300 milímetros de chuva por hora, um terço da precipitação média anual. Dias depois, muitos moradores procuram desesperadamente seus entes queridos.
Javier Torres é um deles. Em Hunt, epicentro das enchentes, o jovem de 24 anos escava em busca de sua avó na lama deixada pela retirada das águas transbordadas do rio Guadalupe. Ele já encontrou os corpos de seu avô e de duas crianças.
Helicópteros, drones e equipes caninas continuam mobilizados em condições difíceis.
No condado de Kerr, "161 pessoas foram dadas como desaparecidas", declarou o governador do Texas, Greg Abbott, na terça-feira (8), em coletiva de imprensa. Um número baseado em informações de amigos, familiares e vizinhos.
Sete pessoas também permanecem desaparecidas no condado de Travis, segundo as autoridades locais.
"Esta lista poderia aumentar consideravelmente", acrescentou o governador, já que as esperanças de encontrar sobreviventes são escassas, apesar da busca contínua das equipes de resgate.
O condado de Kerr foi o mais afetado, com 94 mortes, incluindo 30 crianças.
Entre as vítimas estão 27 crianças e monitores do acampamento cristão para meninas Camp Mystic, às margens do rio Guadalupe, que abrigava cerca de 750 pessoas.
Cinco campistas e um monitor continuavam desaparecidos na noite de terça-feira, segundo o governador. Também estão à procura de uma criança que não estava no acampamento.
No estado do Novo México, a cheia do rio Ruidoso causou pelo menos três mortes no município de mesmo nome, segundo autoridades locais.
- Críticas -
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que viajará ao Texas na sexta-feira (11) acompanhado por sua esposa Melania.
"Trouxemos muitos helicópteros de todas as partes (...) A resposta foi incrível", declarou Trump.
Cerca de 850 pessoas foram resgatadas das águas, segundo as autoridades, embora "o último resgate (...) tenha sido realizado na sexta-feira", declarou Jonathan Lamb, da polícia de Kerrville.
A Casa Branca se defendeu das críticas que culpam o desastre pelos cortes orçamentários no Serviço Nacional de Meteorologia.
O serviço meteorológico americano emitiu "previsões e alertas oportunos e precisos", declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Foi emitido um alerta pouco depois da 1 da manhã, mas muitos moradores estavam dormindo ou tinham desligado seus telefones.
As inundações súbitas, causadas por chuvas torrenciais que o solo seco não consegue absorver, não são um fato isolado.
Mas, segundo a comunidade científica, a mudança climática aumentou a frequência e a intensidade de fenômenos meteorológicos como inundações e secas.
"É uma zona do Texas que experimenta ambos os extremos do espectro das mudanças climáticas (...) As secas se tornam mais extremas" e "a chuva quando chega provoca precipitações mais intensas, com uma maior probabilidade de inundações repentinas", explicou o meteorologista Shel Winkley.
J.Romagnoli--IM