Il Messaggiere - França promove militar judeu Alfred Dreyfus, alvo de polêmica há 130 anos

França promove militar judeu Alfred Dreyfus, alvo de polêmica há 130 anos
França promove militar judeu Alfred Dreyfus, alvo de polêmica há 130 anos / foto: - - AFP/Arquivos

França promove militar judeu Alfred Dreyfus, alvo de polêmica há 130 anos

O Parlamento francês aprovou, nesta quinta-feira (6), a promoção "ao posto de general de brigada" para Alfred Dreyfus, uma decisão que busca completar a reabilitação deste militar judeu condenado há 130 anos por supostamente espionar para a Alemanha.

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O chamado "caso Dreyfus" marcou a França, onde se tornou um símbolo da luta contra o antissemitismo. A proposta para sua completa reabilitação foi debatida em um contexto de aumento de ataques contra a comunidade judaica.

"Este gesto é simbólico, mas é mais do que um símbolo. Responde a uma injustiça de mais de um século (...) Trata-se de devolver a Dreyfus o que ele não pôde obter em vida", destacou a vice-ministra da Defesa, Alice Rufo.

Em 1894, o então capitão Dreyfus foi condenado por traição e obrigado ao exílio na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, com base em acusações falsas alimentadas por um antissemitismo profundamente arraigado no fim do século XIX.

Em 1906, o Tribunal de Cassação o declarou inocente, o que implicou sua reincorporação imediata ao exército. Posteriormente, uma lei o nomeou chefe de esquadrão, com efeito vigente no dia desta promulgação.

No entanto, isto equivalia a uma "injustiça" porque interrompia sua carreira em cinco anos de ascensão. Dreyfus solicitou em vão uma melhoria em sua carreira e abandonou o exército em 1907, antes de voltar a servir durante a Primeira Guerra Mundial.

Nesta quinta-feira, o Senado aprovou por unanimidade esta "reparação" após o voto unânime dos deputados em junho.

No fim do século XIX, o "caso Dreyfus" provocou uma importante crise política e dividiu a França.

Em 2006, o então presidente Jacques Chirac reconheceu que não se fez justiça "completamente" com o militar e, em meados de 2024, o atual mandatário, Emmanuel Macron, instaurou o dia 12 de julho como dia nacional da reabilitação de Dreyfus.

Sua bisneta, Anne-Cécile Lévy, considerou sua promoção "como uma homenagem necessária", mas "insuficiente", e reivindicou novamente que seus restos mortais sejam transferidos para o Panteão, onde a França homenageia homens e mulheres que marcaram sua história.

E.Colombo--IM