Il Messaggiere - Rússia encerra trégua sobre ataques contra instalações de energia na Ucrânia

Rússia encerra trégua sobre ataques contra instalações de energia na Ucrânia
Rússia encerra trégua sobre ataques contra instalações de energia na Ucrânia / foto: SERGEY BOBOK - AFP

Rússia encerra trégua sobre ataques contra instalações de energia na Ucrânia

A Rússia considerou nesta sexta-feira (18) que a moratória de 30 dias sobre os bombardeios contra instalações de energia "expirou", poucas horas após o governo dos Estados Unidos insinuar que poderia abandonar as negociações para acabar com a guerra na Ucrânia se não forem registrados avanços em breve.

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O anúncio do Kremlin afasta a perspectiva de um cessar imediato dos combates, mais de três anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, e com o presidente americano Donald Trump insistindo que deseja alcançar um acordo entre Kiev e Moscou o mais rápido possível.

Em março, a Casa Branca anunciou que havia alcançado acordos com Moscou e Kiev para a interrupção dos ataques contra infraestruturas energéticas. Mas um mês depois, a Rússia considera a trégua finalizada.

"De fato, o mês expirou", declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, em sua entrevista coletiva diária, em resposta a uma pergunta da AFP.

"Até o momento, não houve outras instruções do comandante em chefe supremo, o presidente Putin", acrescentou, confirmando o fim da frágil pausa.

Os detalhes do acordo nunca foram claros: nem quando começou a ser aplicado, nem por quanto tempo seria prolongado ou em quais condições. Os russos anunciaram em 18 de março, depois de uma conversa telefônica entre Putin e Trump e Putin, mas os ucranianos mencionaram o pacto alguns dias depois, após conversas com os americanos.

Além disso, desde então, Rússia e Ucrânia trocaram acusações diárias sobre a violação do acordo.

Antes do anúncio da trégua nos ataques contra instalações de energia, Donald Trump havia proposto um cessar-fogo incondicional e completo, o que Kiev aceitou, mas que Putin rejeitou.

- Uma trégua é factível? -

Nesta sexta-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, revelou a impaciência de Washington, após uma reunião na véspera entre autoridades americanas, europeias e ucranianas em Paris.

"Temos que determinar nos próximos dias se (uma trégua) é factível", declarou.

Rubio ameaçou "passar para outra coisa" se os Estados Unidos determinarem que a paz "não é possível", o que contrasta com as palavras do presidente Donald Trump, que prometeu em sua campanha eleitoral acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas.

"Os Estados Unidos têm outras prioridades", afirmou Rubio antes de deixar a França. Ele acrescentou que Washington não quer que a questão ucraniana dure "semanas e meses".

Após as primeiras reuniões coletivas, que terminam sem grandes avanços, autoridades americanas, europeias e ucranianas planejam se reunir novamente na próxima semana em Londres.

Nos últimos dois meses, Donald Trump se aproximou de forma radical e inesperada da Rússia, utilizando repetidamente a retórica do Kremlin, em particular sobre as origens do conflito, o que levou Kiev a temer a retirada do apoio militar americano.

Os europeus, por sua vez, foram afastados até o momento das negociações impulsionadas por Washington.

Com Macron à frente, alguns trabalham na criação de um futuro contingente de paz europeu na Ucrânia quando um eventual cessar-fogo for alcançado. Uma opção que cria divisão entre os aliados de Kiev e é uma linha vermelha para Moscou.

Marco Rubio ligou para o chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, para transmitir a "mesma mensagem" apresentada aos europeus e ucranianos. "A paz é possível se todas as partes se comprometerem a chegar a um acordo", destacou.

- Novos ataques russos -

Na Ucrânia, os ataques russos prosseguem. Uma pessoa morreu e pelo menos 98 ficaram feridas, incluindo seis crianças, em um ataque com mísseis em Kharkiv, segundo o balanço divulgado pelo prefeito Igor Terekhov.

Em Sumy, onde 35 pessoas morreram no domingo em um bombardeio russo, um novo ataque com drones deixou um morto e um ferido, informou a administração militar local.

De modo paralelo, Estados Unidos e Ucrânia assinaram na quinta-feira um "memorando de intenções", primeiro passo para concluir um acordo sobre a exploração de recursos naturais e minerais estratégicos da Ucrânia.

O memorando, publicado nesta sexta-feira por Kiev, especifica que o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal, viajará na próxima semana a Washington para negociar e afirma que Estados Unidos e Ucrânia contemplam concluir as negociações até 26 de abril.

C.Abatescianni--IM