

Após ameaças de Trump, Brics retoma cúpula no Rio
Os líderes do Brics retomam sua cúpula no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (7), após Donald Trump ameaçar impor uma tarifa adicional de 10% aos países que se "alinharem" com o grupo, que ele considera "antiamericano".
Embora sem citar o presidente americano, o bloco formado por países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul expressou em um comunicado conjunto no domingo a "séria preocupação" com medidas tarifárias unilaterais que "distorcem o comércio".
A posição foi anunciada depois que os Estados Unidos anunciaram que aplicarão tarifas a partir de 1º de agosto aos parceiros comerciais com os quais não tenham chegado a acordos, segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.
Trump também declarou ter assinado mais de 10 cartas para informar os países sobre os aumentos de tarifas.
O comunicado do Brics, emitido no primeiro dia do encontro no Rio, com ausências notáveis como a do presidente chinês, Xi Jinping, provocou uma reação do presidente republicano.
"Qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do Brics será cobrado com uma tarifa ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções a essa política", escreveu ele em sua plataforma Truth Social.
O grupo, visto como um contrapeso ao poder dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, foi ampliado recentemente para 11 países e representa quase metade da população mundial e quase 40% do PIB.
- China pede para acalmar os ânimos -
O Brics ainda não comentou as ameaças de Trump, mas a China o fez por meio de uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
"A respeito da imposição de tarifas, a China tem declarado repetidamente sua posição de que as guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores e que o protecionismo não é o caminho a seguir", disse a porta-voz, Mao Ning.
No entanto, o grupo "não busca confronto entre as partes e não se refere a nenhum país", acrescentou.
Os Estados Unidos estão em negociações com vários países para alcançar acordos comerciais que evitem tarifas. O país concordou com uma trégua temporária com a China para reduzir as tarifas de três dígitos que ambos os países adotaram de modo recíproco.
Até o momento, apenas o Reino Unido e o Vietnã conseguiram selar um acordo comercial com os Estados Unidos.
Além do presidente chinês, as ausências notáveis na cúpula do Rio foram o presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, e o presidente russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão internacional por supostos crimes de guerra na Ucrânia.
A delegação saudita, por sua vez, não participou das sessões plenárias de domingo e deve se juntar às reuniões nesta segunda-feira, segundo uma fonte do governo brasileiro.
- IA e mudança climática -
No primeiro dia da cúpula sob a presidência brasileira, o Brics também pediu um "cessar-fogo imediato, permanente e incondicional" e uma "retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza".
O Brics também condenou os "ataques militares" de junho por Israel e Estados Unidos contra o Irã, membro do bloco, sem citar os nomes dos dois países.
O grupo emitiu uma declaração específica sobre a inteligência artificial (IA), na qual apoia "firmemente o direito de todos os países de usufruir" dos seus benefícios e "estabelecer suas próprias estruturas regulatórias" para esta tecnologia.
O Brics divulgará nesta segunda-feira declarações sobre mudanças climáticas e cooperação na área de saúde.
Desde 2023, o Brics se expandiu para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, que se juntaram ao grupo fundado em 2009 para fortalecer o Sul global.
E.Mancini--IM