

Reino Unido e Alemanha assinam tratado que prevê estreitar relações em imigração e defesa
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o chefe de Governo alemão, Friedrich Merz, assinaram nesta quinta-feira (17) em Londres um "Tratado de Amizade e Cooperação Bilateral", que visa fortalecer as relações no combate à imigração irregular e de defesa.
Após a assinatura, no Victoria and Albert Museum da capital britânica, Starmer disse que Merz concordou em alterar a lei este ano para que as pequenas embarcações usadas para transportar migrantes através do Canal da Mancha possam ser confiscadas na Alemanha.
"É um sinal claro de que estamos falando sério. Estamos perseguindo as quadrilhas criminosas por todos os meios", disse o trabalhista Starmer na coletiva de imprensa na planta que o fabricante europeu de aviões Airbus tem em Stevenage, ao norte de Londres.
No entanto, Berlim não confirmou quando apresentará a nova legislação.
Na coletiva de impressa, o líder alemão, no poder desde maio elogiou o compromisso, chamado "Tratado de Kensington", o bairro londrino onde está localizado o museu que sediou a assinatura.
"Com o tratado, queremos garantir a liberdade, a segurança e a prosperidade dos nossos países", afirmou Merz.
Os dois líderes anunciaram a conclusão de um acordo para simplificar os procedimentos de fronteira durante os intercâmbios escolares.
- Acordos militares -
Downing Street informou que os dois líderes querem impulsionar a produção de bens militares, como veículos blindados Boxer e aeronaves Typhoon.
Outro ponto é o desenvolvimento, na próxima década, de um míssil de ataque de precisão com alcance superior a 2.000 quilômetros.
Com o tratado, o Reino Unido espera obter um compromisso da Alemanha "antes do final do ano" para alterar suas leis para desmantelar as quadrilhas de tráfico de pessoas e a imigração irregular.
A Alemanha é frequentementecitada como uma das bases logísticas onde os traficantes armazenam botes infláveis destinados à travessia do Canal da Mancha.
Quero agradecer a Friedrich (Merz) por sua liderança neste tema, comprometendo-se a tomar medidas para fortalecer a lei alemã este ano, para que as embarcações armazenadas ou transportadas em seu país possam ser confiscadas", disse Starmer.
Merz, por sua parte, simplesmente confirmou ter conversado sobre este tema na quinta-feira com Starmer, "para que cooperemos estreitamente".
O tratado faz parte dos esforços de Starmer para fortalecer os laços com seus antigos parceiros da União Europeia (UE).
A viagem acontece uma semana depois de França e Reino Unido terem concordado com um "projeto piloto" para a troca de imigrantes, após uma visita de três dias do presidente Emmanuel Macron, em um momento em que as travessias ilegais do Canal da Mancha atingem níveis recordes.
A imigração irregular é uma grande dor de cabeça para Starmer, que está no poder há um ano, à medida que cresce o apoio ao partido anti-imigração Reform UK.
Mais de 21 mil imigrantes chegaram à Inglaterra em pequenas embarcações, vindos da França, somente neste ano.
O Reino Unido busca melhorar as relações com seus vizinhos após o Brexit, e a viagem de Macron foi a primeira visita oficial de um chefe de Estado da UE desde a saída do Reino Unido do bloco europeu em 2020.
Na coletiva de imprensa em Londres, Merz disse "lamentar" a decisão britânica de abandonar o bloco.
Starmer e Merz confirmaram na sua reunião que continuarão apoiando a Ucrânica em seu conflito com a Rússia e se espera que os países desempenhem um papel importante no plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de enviar armas para Kiev.
Além de uma cooperação mais estreita em defesa, o acordo prevê seções sobre ciência e tecnologia, com maior cooperação em setores estratégicos como inteligência artificial.
Em relação ao transporte, ambos os países querem aprimorar suas conexões ferroviárias.
No mês passado, a Eurostar — que liga França, Bélgica, Países Baixos e Reino Unido por trens-bala — anunciou sua intenção de lançar um serviço entre Frankfurt e Londres em 2030, que seria a primeira conexão direta entre o Reino Unido e a Alemanha.
L.Sabbadin--IM