Il Messaggiere - Kibutz devastado pelo Hamas tenta curar suas feridas com retorno dos reféns

Kibutz devastado pelo Hamas tenta curar suas feridas com retorno dos reféns
Kibutz devastado pelo Hamas tenta curar suas feridas com retorno dos reféns / foto: Maya Levin - AFP

Kibutz devastado pelo Hamas tenta curar suas feridas com retorno dos reféns

O kibutz Kfar Aza foi um dos mais atingidos pelo sangrento ataque do Hamas há dois anos. No entanto, após a libertação dos reféns esta semana, a população começa a curar suas feridas e a olhar para o futuro.

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"Podemos começar o processo de reconstrução", diz Avidor Schwartzman, morador desta colônia agrícola localizada na fronteira com a Faixa de Gaza, que sobreviveu ao massacre que matou 64 de seus residentes em 7 de outubro de 2023.

Comandos do movimento islamista palestino Hamas invadiram o povoado naquele dia, mataram seus habitantes, saquearam as casas e as incendiaram.

As forças israelenses levaram dois dias para retomar o controle do kibutz, após confrontos violentos que causaram a morte de 19 soldados.

Além dos mortos, os milicianos capturaram 18 pessoas que foram levadas à força para Gaza. Dezesseis voltaram com vida e duas morreram em cativeiro.

Habitantes de Kfar Aza se reuniram nesta quinta-feira (16) no cemitério local para homenagear seus desaparecidos, em um dia de cerimônia oficial por este ataque que desencadeou a guerra em Gaza.

Os sobreviventes leram os nomes das 64 vítimas, enquanto o som de helicópteros e drones soava ao fundo.

"Eu estava no kibutz no [dia] 7 e o tempo que passou não permite fazer esquecer a dor. Mas essa é a realidade, não podemos fazer nada, temos que aprender a viver com a dor e saber que de todos os reféns, dois voltaram com vida, e isso nos ajuda a reconstruir", disse à AFP Schwartzman, de 40 anos.

- "Esperança"-

Durante uma cerimônia oficial em Jerusalém, uma tocha foi acesa em memória de um jovem casal que morreu no kibutz, Sivan Elkabetz e Naor Hassidim.

O pai da jovem, Shimon Elkabetz, afirmou à AFP que a notícia do retorno dos reféns vivos, incluindo os dois últimos do kibutz, Gali e Zivi Berman, "dá esperança" aos moradores, mas ele insiste que é preciso "esperar o retorno de todos os corpos dos reféns".

Israel acusou o movimento islamista palestino de violar o acordo de cessar-fogo, segundo o qual deveria entregar todos os reféns mantidos em Gaza, vivos e mortos, até a segunda-feira.

O Hamas libertou no prazo os 20 reféns vivos, mas desde a segunda-feira entregou apenas nove cadáveres dos 28 que ainda mantinha.

Nesta quinta-feira, as famílias dos reféns pediram ao governo israelense que atrasasse a aplicação do acordo de cessar-fogo enquanto os restos mortais não fossem devolvidos.

"Não temos o direito de sair de Gaza até que o último dos reféns seja enterrado", disse Elkabetz, enquanto os moradores se reuniam ao redor dos túmulos das vítimas de 7 de outubro, alguns depositavam flores, e outros, pedras, como manda a tradição judaica.

- "Casa" -

Batia Holin, que viveu no kibutz por 50 anos, não esconde sua tristeza por seus "64 amigos assassinados" e acha difícil pensar em um futuro melhor.

"Não tenho mais casa para ode ir, levará (ainda) mais de dois anos e é difícil", disse.

Alguns habitantes voltaram a viver em Kfar Aza. No local, os trabalhos de reconstrução começaram, mas os danos são imensos.

Em abril de 2025, o kibutz inaugurou um novo bairro com 16 unidades habitacionais destinadas às novas gerações, pois o bairro dos jovens foi totalmente destruído durante o ataque do Hamas.

Schwartzman, pai de dois filhos, vive com sua esposa, que perdeu os pais naquele dia trágico. Alguns estão no kibutz "há gerações, é a casa deles, eles voltarão", afirmou o homem.

I.Pesaro--IM